← Voltar ao blog
EducaçãoGestãoESGCapital Humano

Futuros da Educação: tecnologia e humanidade na Educa Week 2025

Dois painéis, um ponto em comum: liderança, dados e ESG para transformar propósito em resultado sem perder a essência das escolas.

Futuros da Educação: tecnologia e humanidade na Educa Week 2025

🇧🇷 Português

A Straggia Consultoria esteve presente na Educa Week 2025. Participamos de palestras, conversamos com parceiros e fechamos conexões importantes. Neste artigo, destacamos dois momentos que nos chamaram a atenção, trocas que aconteceram na abertura e no encerramento do evento.

Os painéis em destaque foram:

  1. Abertura do Fórum Nacional das Escolas Particulares — O Poder da Liderança Educacional: The Future of Global Education
  2. Venture Capital Global: como os maiores fundos estão apostando no futuro da educação

O poder da liderança educacional

O primeiro painel contou com André Aguiar (fundador e CEO da Inspira Rede de Educadores), Cláudia Costin (presidente e cofundadora do Instituto Salto), Gabriel Ralston Corrêa Ribeiro (CEO da Bioma Educação), June Cruz (CEO do Marista Brasil) e mediação de Marcos Talarico.

A conversa foi inspiradora. Cada participante conectou trajetória pessoal, atuação atual e propósito. Discutiu-se a expansão de grupos educacionais e o desafio de preservar a cultura e a identidade de escolas locais em processos de aquisição, respeito à comunidade como condição para integrações mais suaves e efetivas.

Em determinado momento, André Aguiar e Cláudia Costin trouxeram um contraponto: preservar a essência é valioso, mas a escola precisa evoluir com medições que comprovem a efetividade de práticas e caminhos. Cláudia fez uma analogia direta: assim como a medicina depende de dados epidemiológicos para controlar doenças, a educação precisa de evidências para medir evolução e entender causa e efeito. O estudante não se reduz a um número, mas decisões sem evidência tendem ao achismo.


Venture Capital Global e o futuro da educação

O segundo painel reuniu Alexandre Leão (Crescera Capital, mediação), Gustavo Fiorante (Wiser Educação), Raquel de Oliveira (RDO Edu), Guilherme Skaf Amorim (Grupo Marista) e Sérgio Cantelli (abertura e encerramento).

A exposição de Gustavo Fiorante apresentou três marcos recentes do setor:

  1. Consolidação do ensino superior privado no Brasil (IPOs, debêntures e aquisições);
  2. Crescimento das EdTechs no período recente;
  3. Foco atual em soluções B2B e automação, com processos de M&A mais seletivos.

Na sequência, Guilherme Skaf Amorim destacou a atenção do capital ao ensino básico pela recorrência e previsibilidade. A fidelização ao longo de toda a trajetória escolar cria relacionamento e receita estáveis. Não se espera uma “nova explosão” como a das EdTechs; ainda há capital disponível, mas os múltiplos mudaram.

O foco agora é monetizar frentes como gestão, comunicação, financeiro e controle de acesso. A ideia de um super app educacional aparece como tese de oportunidade (ainda sem promessa de retorno exponencial imediato). O desafio é entender como e onde a inteligência artificial entra nesse ciclo.

Raquel de Oliveira trouxe as fases de maturidade do ESG:

  • Compliance (atender normas),
  • Constrangimento (pressão social e reputacional),
  • Coerência (consciência e efetividade, com indicadores e gestão).

Nessa última, discute-se capitalismo regenerativo, com capacidade de ampliar impactos positivos e reduzir danos. Ela reforçou que o futuro da educação depende mais do desenvolvimento intelectual do que do avanço tecnológico em si: é preciso investir em pessoas com domínio de IA.


Minhas reflexões

Os dois painéis levaram a algumas conclusões. Em números, educação básica e educação superior no Brasil têm ordens de grandeza semelhantes em matrículas privadas (por volta de 9,5 milhões na básica e quase 10 milhões no total do superior, com ~79% na rede privada). Ao mesmo tempo, a composição é distinta: cerca de 80% da básica está na rede pública (aprox. 47 milhões de matrículas totais), enquanto a superior é majoritariamente privada.

Empiricamente, observo diferenças importantes. O ensino superior privado tende a maior padronização de modelo de negócios; já a básica privada é mais heterogênea e artesanal, com escolas pequenas, grupos religiosos e redes que cresceram de formatos diversos. Isso ajuda a explicar por que movimentos de consolidação podem ser mais lentos na básica.

Vejo, porém, uma oportunidade clara: gestão com evidências. Manter a cultura local é essencial; ao mesmo tempo, decisões precisam de método e dados da pedagogia à neurociência para orientar escolhas, corrigir rotas e profissionalizar áreas críticas (matrículas, pedagógico, operações). Não se trata de uma metodologia única, mas de conjuntos de métodos validados, aplicados ao contexto de cada escola.

Em síntese: o futuro da educação brasileira não é apenas tecnológico ou financeiro é humano. O próximo passo é unir consciência, método e dados para transformar propósito em resultado, sem perder a essência.


🇺🇸 English

Straggia Consultoria joined Educa Week 2025, attending sessions, meeting partners and building meaningful connections. This post summarizes two moments that stood out to us, conversations at the opening and the closing of the event.

Featured panels:

  1. Opening of the National Forum of Private Schools — The Power of Educational Leadership: The Future of Global Education
  2. Global Venture Capital: how top funds are betting on the future of education

The power of educational leadership

The first panel featured André Aguiar (founder & CEO, Inspira Rede de Educadores), Cláudia Costin (president & co-founder, Instituto Salto), Gabriel Ralston Corrêa Ribeiro (CEO, Bioma Educação), June Cruz (CEO, Marista Brasil) and moderator Marcos Talarico.

Speakers connected personal journeys, current roles and purpose. The discussion covered the expansion of education groups and the challenge of preserving school culture and identity during acquisitions, respect for the local community as a condition for smoother, more effective integrations.

At one point, André Aguiar and Cláudia Costin stressed a key counterpoint: preserving essence matters, but schools must evolve with measurement that demonstrates the effectiveness of practices and pathways. Cláudia drew a direct analogy: just as medicine relies on epidemiological data to control diseases, education needs evidence to track progress and understand cause and effect. Students are not numbers, but decisions without evidence tend to guesswork.


Global Venture Capital and the road ahead

The second panel brought together Alexandre Leão (Crescera Capital, moderator), Gustavo Fiorante (Wiser Educação), Raquel de Oliveira (RDO Edu), Guilherme Skaf Amorim (Grupo Marista) and Sérgio Cantelli (opening and closing).

Gustavo Fiorante outlined three recent milestones in the sector:

  1. Consolidation of private higher education in Brazil (IPOs, debentures, acquisitions);
  2. The rise of EdTechs in the recent cycle;
  3. A current focus on B2B solutions and automation, with more selective M&A processes.

Next, Guilherme Skaf Amorim highlighted capital’s attention to basic education due to recurrence and predictability. Lifelong school trajectories enable stable relationships and revenue. A new “explosive” wave like that of EdTechs is not expected; capital is still available, but multiples have shifted.

The focus now is to monetize fronts such as management, communication, finance, and access control. A “super app” emerges as an opportunity thesis (without immediate exponential promise). The question is how and where AI fits in this new cycle.

Raquel de Oliveira presented ESG maturity phases:

  • Compliance (meeting rules),
  • Constraint (social/reputational pressure),
  • Coherence (conscious and effective ESG with indicators and management).

In the last stage, regenerative capitalism becomes a topic, aiming to expand positive impact while reducing harm. She emphasized that the future of education depends more on intellectual development than on technology per se: invest in people who master AI, not only in AI tools.


My reflections

The two panels led me to a few conclusions. In numbers, basic and higher education in Brazil show similar orders of magnitude in private enrollments (about 9.5 million in basic education and nearly 10 million overall in higher education, with ~79% in the private sector). At the same time, the composition is different: around 80% of basic education is public (approximately 47 million total enrollments), while higher education is mostly private.

From field observation, important differences emerge. Private higher education tends to have more standardized business models; private basic education is more heterogeneous and handcrafted, with small schools, religious groups and networks that grew from diverse formats. That helps explain why consolidation moves can be slower in basic education.

There is, however, a clear opportunity: evidence-based management. Preserving local culture is essential; at the same time, decisions must rely on method and data from pedagogy to neuroscience to guide choices, correct course and professionalize critical areas (admissions, academics, operations). This is not about a single universal methodology, but about sets of validated methods applied to each school’s context.

In short: the future of Brazilian education is not merely technological or financial, it is human. The next step is to combine conscience, method and data to turn purpose into results without losing a school’s essence.

Fontes / Sources

  • INEP — Censo Escolar da Educação Básica 2024 (dados consolidados de matrículas e participação da rede privada).
    https://www.gov.br/inep/pt-br/assuntos/noticias/censo-escolar
  • INEP — Censo da Educação Superior 2023 (matrículas totais e participação da rede privada).
    https://www.gov.br/inep/pt-br/assuntos/noticias/censo-da-educacao-superior
  • Educa Week — Programação e participantes (páginas públicas dos painéis).
    https://educaweek.com.br